sábado, 15 de outubro de 2011

ARTE AFRO-BRASILEIRA

8carybe O que é Arte Afro-brasileira? É a arte produzida pelos africanos trazidos ao Brasil, entre os séculos XVI e XIX, para serem escravizados? É a produção artística de seus descendentes, escravos ou livres, independentemente do tema? A identidade é determinada por quem faz, pela autoria? Ou é afro-brasileira toda arte na qual a negritude está representada, seja ela feita por africanos e afro-descendentes no Brasil, ou não? O fator determinante é a temática? Ou são afro-brasileiras apenas as obras em que autoria e tema estão vinculados aos africanos e seus descendentes no Brasil?
Entender Arte Afro-brasileira desse modo pressupõe essencialidades. Afro-brasilidade seria uma particularidade resultante da africanidade e brasilidade presente em obras produzidas por pessoas de origem africana e/ou em obras nas quais elas estão representadas. A Arte Afro-brasileira seria, assim, a produção decorrente da fusão de princípios, práticas e elementos da arte africana aos da brasileira, sendo ou uma interpretação brasileira da arte africana, candomble-carybeou da arte brasileira feita com jeito africano, ou, ainda, um artístico caminho do meio entre África e Brasil.
  • ARTE AFRO-BRASILEIRA E RELIGIOSIDADE
Nas diferentes regiões africanas de onde vieram as pessoas que foram escravizadas no Brasil, a arte participava da representação física e simbólica das práticas políticas e religiosas. No Brasil, a arte sacra africana acabou passando por grandes mudanças para sobreviver. As religiões afro-descendentes tem destacado papel na preservação dessa arte, sendo, ainda hoje, o elo mais forte com  as culturas africanas. A princípio proibidas, essas religiões foram por vezes toleradas pelos senhores de escravos, que visavam à manutenção de diferenças entre os negros provenientes das variadas regiões africanas e, assim, à distância, a desunião entre eles. 
  • AFRO-BRASILIDADE NA ARTE
imagesAlém das representações mais ou menos esporádicas da negritude elaboradas por artistas desde o modernismo, precisam ser destacadas as pesquisas artísticas dedicadas especialmente à conexão de princípios da modernidade ocidental a questões africanas e afro-descendentes no Brasil. Desde meados do século XX, os trabalhos de Carybé, Rubem Valentim, Mario Cravo Junior, Agnaldo dos Santos, Heitor dos Prazeres, Emanoel Araújo, Abdias do Nascimento, Ronaldo Rego, Jorge dos Anjos vem delineando uma produção artística singular, que é denominada em livros e exposições como Arte Afro-brasileira.
A partir de grupos artísticos ou culturais de determinadas cidades (sobretudo Salvador e, depois, Rio de Janeiro), em variados meios plásticos (técnicas), sintonizados com as mudanças artísticas nas passagens do modernismo à contemporaneidade, aqueles artistas exploram caminhos ora icônicos, ora abstratos, simbólicos ou estruturais, configurando modos diversos de abordagem de temas e motivos diversos, sobretudo religiosos, mas para além da dimensão folclórica.
Alguns outros artistas da Arte Afro-brasileira contemporânea:


  • Alexandre Vogler: “Fumacê do descarrego”, intervenção urbana, 2007.
  • Antônio Dias: “Gigante dormindo e cachorro latindo”, objeto/assemblage, 2002.
  • Antonio Manoel: “Bode”, performance, 1973; “O galo”, performance, 1972.
  • Artur Barrio: “Máscaras”, 1974.
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  • Ayrson Heráclito: “Odé no Epô”, fotografia, 2007.
  • Chico Tabibuia: “Exus”, escultura em madeira, 1995.
  • Cildo Meireles: “Tiradentes: totem-monumento ao preso político”, 1970; “Black Pente”, 1972.
  • Heitor dos Prazeres: “Ritual de Umbanda”, pintura, 1965.
  • Hélio Oiticica: “Parangolés” (inspirados nas vestimentas africanas de Babá-Egun).
  • Leandro Machado: “Lojas Africanas”, 2003.
  • Lygia Pape: “Tteia”, instalação composta por fios dourados e prateados, 1976.
  • Mario Cravo Neto: “Laroyé”, 2001.
  • Mestre Didi: “Opa n’ilé – cetro da terra”, escultura, 1997.
  • Pierre Verger: Fotografias.
  • Rodrigo Cardoso: “Invocações”, 2003; “Iemanjá posto 6”, 2006.
  • Ronald Duarte: “Nimbo/Oxalá”, performance, 2004.
  • Rosana Paulino: “Parede de memória”, 1994.
  • Rubem Valentim: “Templo de Oxalá e relevos emblemáticos”, 1977. “Painel emblemático”, 1977.
  • Sebastião Salgado: Fotografias.
  • Tatti Moreno: “Orixás”, esculturas em resina (Dique do Tororó, Salvador – Bahia).



       Fonte: CONDURU, Roberto. Arte Afro-brasileira. BH: C/Arte, 2007. (Coleção Didática).

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ARTE CONTEMPORÂNEA

É a arte do nosso tempo. Marcada pela quebra de padrões, pela liberdade total de criar, representar e propor situações e também pela pesqui14gdesa e uso das novas tecnologias (vídeo, holografia, som, computador, etc.). A arte contemporânea se aproxima da vida, nela, tudo pode ser incorporado, o espectador é provocado e convidado às mais variadas reflexões sobre a arte e sobre a vida. A arte se integra à própria vida. Beleza, feiura, ironia, política, percepções, sensações, sucata, lixo, e até o próprio corpo, tudo pode ser material artístico. Na arte conceitual, a ideia é o suporte da obra. Em oposição à arte conceitual, na Arte Formal (principalmente a abstração geométrica) os artistas aprofundam as pesquisas dos elementos visuais iniciadas pelos pintores modernos. A arte é plural e permite uma multiplicidade nunca antes vista neste campo. As instalações imperam nas exposições contemporâneas. A arte não precisa mais ser eterna, nem é feita para perdurar. O efêmero, o momento, a passagem do tempo marcam boa parte das obras contemporâneas. A pesquisa e o uso de materiais variados e inusitados estão presentes nas obras. Mudaram os tempos, mudou a arte e sua função. Não esqueçamos que a arte é histórica, e cada vez mais, política e provocativa; porém sempre original e criativa.
Vejamos alguns conceitos que se transformam na arte da contemporaneidade, no que diz respeito:

EX.2006.HO.0361- Ao públicoNa Arte contemporânea, o espectador deixa de ser um contemplador passivo do estético, para se tornar um agente participante, um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a obra só se realiza na sua presença e com a sua participação. Sensibilizar o espectador é, então, menos importante do que fazê-lo refletir.

2- Ao artistaEste, além de ser um criador, passa a ser um propositor de ideias e/ou experiências, um manipulador de signos.

3- À originalidade e a autoriaA apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de originalidade. A terceirização de etapas de construção da obra questiona o conceito de autoria.


4- Às relações entre as obras e o tempo Obras efêmeras são criadas, fazendo-nos pensar sobre o conceito de obra-prima, que “dura para sempre”. Obras que se consomem no tempo, como as performances, permanecem apenas nos registros (fotografias, vídeos, etc.) e estes tomam o seu lugar como agentes nos espaços expositivos. A obra pode deixar de ser um objeto autônomo, resultado de um trabalho terminado, para se tornar um processo em desenvolvimento, inacabado por sua própria natureza (work in progress). 

NOVAS LINGUAGENS

Na arte da contemporaneidade, novas linguagens artísticas são desenvolvidas (instalação, vídeoarte, vídeo-instalação, assemblage, performance, body-art, arte digital, etc.) de acordo com a incorporação das novas tecnologias e de novas formas de pensar.
Vejamos mais detalhadamente algumas dessas novas linguagens:

Instalação

É a partir da década de 60 que o termo “instalação”, que até então significava a montagem (a instalação) de uma exposição, passa a nomear essa operação artística em que o espaço, o entorno, tornase parte constituinte da obra. A instalação como linguagem artística se popularizou na década de 70, designando ambientes construídos e ocupados por objetos diversos, podendo estimular outros sentidos além da visão, como olfato, tato e audição.
A instalação nos traz algumas questões, como:
Quando se trata de instalações no tempo/espaço definido de um museu ou espaço público aberto, podemos nos perguntar sobre o que resta de uma obra quando for desmontada? Ou ainda: é legítimo remontar uma instalação em lugar diverso do proposto inicialmente e que transformações isto traria para a obra?

Performance


Assim com a instalação, a performance é um termo que muda de sentido ao se tornar umalin guagem artística das artes visuais. Os saraus fuparangole1turistas e os eventos dadaístas e surrealistas são osprecursores do que viria a ser nomeado na década de 70 como performance, incluindo os “hapennings”,as “ações” e a “body art”.
Performance é, então, uma forma de arte que pode combinar elementos do teatro, da música, da dança e das artes visuais. Situa-se no limite entre o teatro e as artes plásticas, onde o artista funciona como uma escultura viva, “interpretando” sua mensagem.
Tipo de obra efêmera, a performance muitas vezes se perde no tempo pela inexistência de registros, mas como obra do instante ou do desenrolar de um processo pode, de certo modo, perdurar no tempo pela documentação fotográfica, por vídeos e filmes que perenizam o gesto fugaz. Assim, para o espectador, a performance é sempre uma visualização da consciência do tempo e, mesmo que haja registros, as percepções táteis, corporais e manipulatórias são limitadas pelas imagens fotográficas ou videográficas. Essa associação com a fotografia e outras mídias eletrônicas traz mais uma questão na contemporaneidade:
Se vamos a um museu e vemos as fotos de uma performance realizada há alguns anos por um artista, que limites há entre obra e registro nesta situação, se este ocupa o lugar da obra e é a única forma de termos acesso à sua percepção? Essa “presença ausente” é o que caracteriza especialmente as performances, que dependem dos registros para se perpetuarem no tempo, contradizendo assim, sua própria estrutura fugaz. Mas a contradição não é um problema para a arte contemporânea, ela é, ao contrário, bem vinda, pois é parte da vida. A arte contemporânea suporta a coexistência de idéias e conceitos díspares, é parte de sua proposta a convivência com conceitos contraditórios, não havendo a necessidade de se optar por um ou outro para a legitimação de cada um. Dois artistas que marcaram presença nas décadas de 60 e 70 no Brasil com propostas artísticas experimentais foram Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Vídeoarte

Linguagem artística que faz uso das imagens eletrônicas, rompendo com os padrões estéticos estabelecidos pelas narrativas da televisão e do cinema. No Brasil, o início da videoarte data do princípio da década de 70, em plena ditadura, quando a ficção estava em alta na TV e a videoarte surge como uma linguagem de contracultura, desmascarando uma realidade sufocante. Como exemplo citamos o ato do artista Paulo Herkenhoff de engolir páginas de jornal cujo texto
fora adulterado pela censura vigente. Esta ação simbólica foi captada pela câmera em tempo real, sem cortes, em filmagem direta, onde as falhas são significativamente incorporadas à narrativa.

Arte eletrônica


O acesso dos artistas ao computador lhes deu a oportunidade de explorar as possibilidades dessa tecnologia, criando uma nova linguagem artística. A perspectiva de criar mundos e realidades virtuais vem fascinando e desafiando muitos artistas por insinuar um imenso universo a ser desvendado. O computador é, portanto, mais uma ferramenta no estúdio de um artista. Além das instalações, das performances, da vídeoarte e da arte eletrônica, outras linguagens e
outros termos surgem para definir novas poéticas, como internet art, holografia, xerografia, vídeoinstalação, work in progress, site-specific, etc. Os nomes vêm para designar as coisas e os fenômenos, logo, se estes se transformam e se ampliam, os nomes se transformam e se ampliam também. O importante é percebermos que as diversas técnicas ou as novas tecnologias são procedimentos que envolvem a utilização de materiais e recursos, sendo, portanto, meios que podem ser utilizados para o desenvolvimento de linguagens artísticas, mas não o são por si só. Para uma tecnologia se tornar uma linguagem artística é preciso que esteja
inserida em um processo que envolve o desenvolvimento de uma linguagem. E este processo é de responsabilidade do artista. Os artistas estão sempre atentos aos novos meios e tecnologias que podem ser utilizados para que eles desenvolvam novas linguagens artísticas, são eles que fazem um simples objeto ou um material qualquer se transformar em uma obra de arte.

COMPARANDO A ARTE MODERNA COM A ARTE CONTEMPORÂNEA


Agora vamos olhar comparativamente para os movimentos modernos e contemporâneos na arte:

- Se a obra moderna faz de seu objeto principal a materialidade da cor e da forma, a obra contemporânea faz de si mesma, um objeto, a arte-objeto.
- Se a Arte Moderna propõe uma revolução no universo das sensações e da forma, a Arte Contemporânea a propõe no campo das idéias, abrangendo esferas não artísticas como a política, o corpo, a sexualidade, a filosofia, a ética e demais interfaces estabelecidas pela produção cultural de nossos dias.
- Enquanto a Arte Moderna ressalta a autonomia da obra de arte, separando-a da vida real, a Contemporânea contextualiza a obra, aproximando-a da vida e do seu contexto social.
- Com a Arte Contemporânea o espectador está definitivamente banido do seu lugar de mero contemplador da arte; ele é intimado a participar, a pensar, a penetrar no universo de criação.
- A Arte Contemporânea extrapola os limites anteriores, criando novas e infinitas linguagens e meios expressivos para a arte.
- Enquanto a arte moderna nega a arte do passado, a arte contemporânea não acredita que o passado seja algo de que é preciso se libertar, ou que tudo tenha que ser completamente diferente. Ao contrário, pretende que o passado esteja disponível para qualquer uso que os artistas queiram lhe dar.
Podemos concluir, a partir do que vimos acima, que são bastante complexas as transformações propostas tanto pela modernidade como pela contemporaneidade na arte. Mas é importante que percebamos que os movimentos nascem uns dos outros, se desenvolvem uns a partir dos outros e de seus contextos. E, é importante destacar, se revisitam continuamente. Como diz o historiador da arte Giulio Argan, “em arte há mudança, sem progresso”. O pensamento de Argan questiona o conceito de evolução linear associada à ideia de progresso. Ressalta o movimento de ir e vir dos movimentos artísticos, o aspecto cíclico e conseqüentemente interligado entre os diversos momentos da história da arte e seus movimentos estéticos e filosóficos. Por isso, você vai ver em algumas obras contemporâneas, citações ou reminiscências de obras modernas e acadêmicas, assim como vai ver também, em obras modernas, antecipações de aspectos encontrados na Arte Contemporânea. Mas é fundamental lembrarmos que, assim como a arte moderna não pode ser analisada sob o ponto de vista da arte acadêmica, a arte contemporânea não pode ser pensada, estudada e compreendida da mesma maneira que a arte moderna. Não podemos analisar um tipo de arte a partir de parâmetros de outro tipo de arte. Cada movimento artístico deve ser analisado de acordo com o seu contexto e a partir dele. Concluindo, voltemos à Arte Contemporânea e lembremos sempre que uma obra contemporânea é mais que um ponto final, que condensa concepções e preceitos, ela implica em um processo iniciador, ponto de partida para se repensar e refletir a arte e a vida.

Fonte:
ARTE CONTEMPORÂNEA - ORIGENS, PROPOSTAS, CARACTERÍSTICAS E NOVAS LINGUAGENS (Apostila de Artes Visuais para a 1ª Série do Ensino Médio Elaboração: equipes de Artes Visuais / Unidades Centro e São Cristóvão III Org. profa. Greice Cohn)

Pop Art

Tudo o que vimos em História da Arte no Ensino Fundamental surgiu na Europa. No entanto, após a Segunda Guerra mundial, o centro financeiro do mundo se desloca para os Estados Unidos. O mesmo aconteceu com a arte. Vários países estavam se recuperando das consequências da 2ª Guerra mundial, que havia arrasado a Europa, deixando-a em ruínas. Artistas de vanguarda, filósofos, intelectuais europeus migraram para os EUA fugindo da guerra e lá continuaram a produzir
conhecimento.
O Pop Art surgiu na Inglaterra em meados dos anos 50, mas foi nos Estados Unidos, no começo dos anos 60 que ele se popularizou, tendo como assunto os objetos de consumo da sociedade. De uma certa forma, o Pop Art surge como uma reação às obras de artes abstratas construtivas (abstracionismo
geométrico) e ao expressionismo abstrato (abstracionismo informal), que tinha se popularizado no campo das artes plásticas naquela época. Os artistas do POP ART buscavam novamente a figuração. O tema das obras Pop eram as imagens do dia a dia da sociedade de consumo: “a arte elitista decai até os bastidores do cotidiano, enquanto os fenômenos ´subculturais´ se tornam apresentáveis”. A inspiração Pop vinha dos produtos industriais da sociedade da época. Objetos das indústrias de consumo (vestiário, alimentação, eletrodomésticos, automotivos, etc.) e também dos produtos culturais: cinema, história em quadrinhos, informação, ou seja, a vida urbana, trazendo para dentro das galerias de arte o comum, o “brega”, o popular (daí o nome POP, que em inglês significa também refrigerante).
Entre os principais artistas do movimento POP ART encontramos Andy Warhol. Filho de imigrantes tchecos, Warhol passou sua infância em Pittsburg, rodeado da cultura tcheca com suas Babuskas, a comida típica e o idioma tcheco. Sua mãe pouco falava o inglês. Seu pai trabalhou nas minas e morreu cedo, deixando a família passando necessidades. Muito jovem Warhol trabalhou em uma loja onde, fora do gueto cultural em que vivia, travou seu primeiro contato com o consumo
americano. Warhol viu a cultura americana com os olhos fascinados de um imigrante estrangeiro. Andy Warhol teve sua formação nas Artes Visuais inicialmente como decorador de vitrines. Depois estudou artes em Pittsburg e em 1949 se mudou para Nova York, onde fez sua carreira artística. A serigrafia foi seu principal meio de expressão plástica. Ele se interessava pela multiplicidade e, principalmente, pela reprodutibilidade de uma imagem. A gravura não é uma obra de arte única, pelo contrário, é feita em série. Dessa forma ele questionava a “aura” da obra de arte única. Ele não a fazia sozinho. Ao invés de um atelier, Warhol dizia ter uma fábrica (“factory”) com 18 trabalhadores, que faziam as telas para serigrafia e imprimiam as gravuras a partir de suas idéias. Assim, Warhol repensava a questão da autoria da obra de arte e do trabalho artesanal do artista. É importante notar que as gravuras não eram perfeitas. Havia com freqüência borrões de tinta de impressão, como a reprodução de baixa qualidade de fotos de jornal.
Andy Warhol entendeu como ninguém o funcionamento dos meios de comunicação de massa (Massmedia). É de sua autoria a frase e que “todo mundo deveria ter o direito de ficar famoso por 15 minutos”. Mais uma vez ele fala da superficialidade e da transitoriedade das coisas e antevê o que aconteceria de fato com a
relação das pessoas com a mídia e a produção instantânea de celebridades (um exemplo grosseiro disso se dá no programa Big Brother). Warhol era, ele próprio, um pop star. Excêntrico com sua peruca branca, dizia que raramente artistas plásticos ficaram famosos, com exceção de Picasso, Salvador Dali e, é claro, ele próprio. De acordo com a ideologia de ascensão social americana do “self-made man” (aquele que se faz sozinho) ele se autodenominava um “business artist” (ao invés de um homem de negócios, um “artista de negócios”), já que nasceu pobre e enriqueceu aproveitando as oportunidades do mundo capitalista, em oposição à estagnação social do mundo comunista de onde vinham seus pais. (Vale à pena lembrar que o mundo vivia, neste momento, a guerra fria.) Warhol se dizia
provocador, que a qualidade de um artista se me dia pelo dinheiro que ele obtinha com sua arte. Essas afirmativas seriam, no mínimo, constrangedoras para um outro artista qualquer. Andy Warhol sintetizava o espírito do Pop Art americano, que foi crítico enquanto chamou a atenção para a frivolidade da sociedade de consumo e foi acrítico quando aceitou, e até venerou esta realidade. Segundo Osterworld, “a idéia de Warhol não era apenas fazer do banal e do vulgar a substância da arte, mas de tornar a própria arte banal e vulgar. Não se contenta em transpor para a arte dados mediáticos ou industrias, a arte em si torna-se um produto mediático e industrial. Warhol inverte as noções de elevação e “baixeza”. Os grandes formatos também são típicos das obras do POP ART. Quando  superdimensiona objetos de uso diário, o artista pop monumentaliza a banalidade da vida urbana, que tem tanto significado e profundidade quando um imenso hambúrguer de Claes Oldenburg, outro artista que se destacou dentro do movimento.
Outro artista importante deste movimento foi Roy Lichtenstein. Nascido em Nova York em 1923, Lichenstein é pintor, gravador e escultor. Estudou arte na Universidade de Ohio e ficou conhecido por ampliar, em suas pinturas a óleo e em tinta acrílica as características de anúncios comerciais e das imagens de histórias em quadrinhos, reproduzindo, à mão e com fidelidade, os procedimentos gráficos em suas criações. São imagens de grande dimensão, nas quais o artista deixa visível a retícula do off-set (processo de impressão). Mais uma vez imagens da sociedade de consumo são trabalhadas enquanto arte. O quadrinho era tido como literatura de baixa qualidade (ainda hoje existe este pensamento). Trazer estas imagens para ao meio artístico significava, na época, uma transgressão de valores.

Escultura com caixas de fósforo – Lygia Clark

Favela no Ar - Uma homenagem a Hélio Oiticica (Profº Anderson Leitão)

Projeto de Arte baseado na obra de Hélio Oiticica desenvolvido pelo professor Anderson Leitão com alunos do Ensino Médio do CIEP Mané Garrincha (Magé/RJ). Visite o blog: http://educacaoarteanderson.blogspot.com

Intervenção Hélio Oiticica UFF - PURO

Instalação da releitura da produção artística de Hélio Oiticica (Bólides, Parangolés, Penetráveis e Estandarte), no Pólo Universitário de Rio das Ostras da Universidade Federal Fluminense, do curso de Produção Cultural da disciplina de Ética e Estética sobre a orientação do professor Jorge Vasconcellos

Nelson Motta comenta Hélio Oiticica

Matéria - TV Globo


Pintor, escultor e artista plástico brasileiro

Hélio Oiticica

26 de julho de 1937, Rio de Janeiro
22 de março de 1980, Rio de Janeiro

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Hélio Oiticica é filho de José Oiticica Filho (1906-1964), um dos importantes fotógrafos brasileiros, que também era engenheiro, professor de matemática e entomólogo e de Ângela Santos Oiticica (1903-1972). Teve mais dois irmãos (César e Cláudio) nascidos respectivamente em 1939 e 1941.

A educação de Hélio e seus irmãos começou em sua casa, onde tiveram aulas de matemática, ciências, línguas, história e geografia dadas pelo pai e a mãe. Também teve grande influência em sua formação o avô José Oiticica (1882-1957), conhecido intelectual filólogo, professor, escritor, anarquista e jornalista.

No ano de 1947, seu pai, José Oiticica Filho foi premiado com uma bolsa da Fundação Guggenheim. A família se mudou para os EUA (Washington) e seu pai passou a trabalhar no United States National Museum - Smithsonian Institution. Ficam lá por dois anos e Hélio, então com 10, e seus irmãos são matriculados pela primeira vez numa escola oficial (Thomson School). A a proximação com a arte se deu nessa época. Hélio e os irmãos tinham à disposição galerias de arte e museus.

A família retornou ao Rio de Janeiro, em 1950, e, em 1952, Hélio começou a escrever e a traduzir peças de teatro que encenava em casa com os irmãos. Sua tia, a atriz Sônia Oiticica, passou a o incentivá-lo nessa empreitada.

Primeiras exposições

Durante a II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, realizada em 1953, Oiticica tomou contato com a obra de Paul Klee, Alexander Calder, Piet Mondrian e Pablo Picasso e no ano seguinte começou a estudar pintura com Ivan Serpa. Entrou para o Grupo Frente e junto fez a sua primeira exposição no Museu de Arte Moderna. Nessa época começou a conviver com artistas e críticos, como Lygia Clark, Ferreira Gullar e Mário Pedrosa. Sua obra desse período (1955-57) são pinturas geométricas sob guache e cartão, que resultou em 27 trabalhos nessa técnica, intitulados "Secos", que foram expostos no Rio de Janeiro, na Exposição Nacional de Arte Concreta.

Paralelo a esse evento esteve presente à polêmica conferência proferida por Décio Pignatari, na "Noite de Arte Concreta" na União Nacional dos Estudantes. Esse evento teve grande importância pois lançou as bases da arte concreta e colocou, de um lado, poetas e críticos como Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Ferreira Gullar e de outro, os defensores da arte tradicional.

Em 1959, convidado por Lygia Clark e Gullar, integrou o Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro e passou a realizar pinturas a óleo sobre tela e compensado. São obras monocromáticas que incluem pinturas triangulares em vermelho e branco. Nesse mesmo ano participou da V Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1960 trabalhou como auxiliar técnico de seu pai, José Oiticica Filho, no Museu Nacional.

Parangolés e Penetráveis

A partir do início dos anos 60, Oiticica começou a definir qual seria o seu papel nas artes plásticas brasileiras e a conceituar uma nova forma de trabalhar, fazendo uso de maneiras que rompiam com a idéia de contemplação estática da tela. Surgiu aí uma proposta da apreciação sensorial mais ampla da obra, através do tato, do olfato, da audição e do paladar. Exemplo disso é o penetrável PN1 e a maquete do Projeto Cães de Caça, composto de cinco penetráveis (1961) e os bólides, que são as estruturas manuseáveis, chamados de B1 Bólide caixa 1 (1963).

Nesse período (1964) aproximou-se da cultura popular e passou a frequentar a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, tornando-se passista e integrando-se na comunidade do morro. Vem dessa época o uso da palavra "parangolé" que passou a designar as obras que estava trabalhando naquele momento. Os primeiros parangolés se compunham de tenda, estandarte e bandeira e P4, a primeira capa para ser usada sobre o corpo. São obras que causaram polêmicas e ele definia como "antiarte por excelência. Na exposição Opinião 65, no MAM do Rio de Janeiro, foi proibido de desfilar - os passistas da Mangueira vestiam seus parangolés - nas dependências do museu. Hélio realizou a apresentação no jardim, com grande aceitação pública.

Hélio Oiticica, além de realizar as sua obras, também teorizava sobre elas em textos como "Os bólides e o sistema espacial que neles se revela", "Bases fundamentais para definição do parangolé", e "Anotações sobre o parangolé", entre muitos outros, que divulgava mimeografadas.

Em 1965, começou carreira internacional e realizou exposição (Soundings Two) em Londres, ao lado de obras de Duchamp, Klee, Kandinsky, Mondrian, Léger, entre outros.

Em 1967, iniciou suas propostas supra-sensoriais, com os bólides da "Trilogia Sensorial", além dos penetráveis PN2 e PN3 que faziam parte da obra Tropicália, mostrada na exposição Nova Objetividade Brasileira, no MAM, Rio de Janeiro.

Caetano Veloso usou como cenário a bandeira "Seja marginal seja herói", de Hélio, em show na boate Sucata no Rio de Janeiro. A bandeira foi apreendida e o espetáculo suspenso pela Polícia Federal. Essa aproximação com Oiticica foi de grande importância na definição dos rumos da música brasileira.

Além da militância artística no Brasil, a carreira internacional de Hélio Oiticica passou a tomar grande parte de seu tempo, com exposições e intervenções em Londres, Nova York e Pamplona, a partir dos fins dos de 60 e início dos anos 70. Em 1972, usou o formato super 8 e realizou o filme Agripina é Roma - Manhattan. O cinema passou a ser uma referência, e em 1973 criou o projeto Quase-cinema, com a obra "Helena inventa Ângela Maria", série de slides que evocam a carreira da cantora Ângela Maria.

Uma nova série de penetráveis intitulados Magic Square e os objetos Topological ready-made landscapes foram mostrados na exposição Projeto construtivo brasileiro, MAM, Rio de Janeiro, em 1977. Em 1979, criou o seu último penetrável chamado "Azul in azul". Neste ano, Ivan Cardoso realizou o filme "HO", retratando a obra de Hélio Oiticica.

No dia 22 de março de 1980, sofreu um acidente vascular cerebral, vindo a falecer, no Rio de Janeiro.
(AAR)

Projeto Hélio Oiticica, site oficial do artista

Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/helio-oiticica.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/biografias/helio-oiticica.jhtm

Hélio Oiticica - Vídeos

H.O. Supra-Sensorial: A Obra de Hélio Oiticica - Parte 1

H.O. Supra-Sensorial: A Obra de Hélio Oiticica - Parte 2

H.O. Supra-Sensorial: A Obra de Hélio Oiticica - Parte 3

Lygia Clark e suas obras.

Obras da artista plástica Lygia Clark


Lygia Clark

Da pintura aos objetos tridimensionais

Valéria Peixoto de Alencar*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Mineira, Lygia Pimentel Lins (1920 - 1998) foi pintora e escultora. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1947, e iniciou seu aprendizado artístico com Burle Marx. Entre 1950 e 1952, viveu em Paris, onde estudou com Fernand Léger, Isaac Dobrinsky e Arpad Szenes e realizou sua primeira exposição individual.

Reprodução
Sem título, 1957
De volta para o Brasil, integrou o Grupo Frente. Foi uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto e participou da sua primeira exposição, em 1959. Gradualmente, trocou a pintura pela experiência com objetos tridimensionais. Realizou obras participacionais como a série Bichos, de 1960, construções metálicas geométricas que se articulam por meio de dobradiças e requerem a participação do público.

Em 1960, ensinou artes plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos. Recebeu o prêmio de melhor escultora na Bienal Internacional de São Paulo em 1961. Morou em Paris entre 1970 e 1976, período em que ensinou na Facultade de Artes Plásticas St. Charles, na Sorbonne. Voltou ao Brasil em 1976; dedicou-se ao estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial.

Obras de Lygia Clark

A obra inicial de Lygia Clark é fortemente influenciada pelo construtivismo da década de 1930. Até que, ao assinar o Manifesto Neoconcreto, novas diretrizes formais apontam em seu trabalho.

Bichos, obra de Lygia Clark
Bicho, c.1960, 14 x 34 x 30 cm
Lygia rompeu com o espaço bidimensional do quadro, aboliu a moldura, e sua obra invadiu a terceira dimensão. De 1960 a 1964, ela elaborou seus "Bichos", sua obra mais famosa, reproduzida na fotografia acima.

Trata-se de um conjunto de chapas de alumínio, articulados com dobradiças que permitem que as pessoas dobrem, virem, mexam, combinem as formas. Ou seja, a obra não é acabada, convidando quem a vê a interagir. Todas suas obras produzidas a partir de "Bichos" seguem este conceito: o público é parte fundamental da obra.

Valéria Peixoto de Alencar* é historiadora formada pela USP e cursa o mestrado em Artes no Instituto de Artes da Unesp.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/artes/lygia-clark-da-pintura-aos-objetos-tridimensionais.jhtm

Vídeo da turma 902 que orientei nos trabalhos para o Sarau Literário/Show de Talentos 2011.

Sarau Literário / Show de Talentos 2011 - CECO - Turma 902