segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ARTE CONTEMPORÂNEA

É a arte do nosso tempo. Marcada pela quebra de padrões, pela liberdade total de criar, representar e propor situações e também pela pesqui14gdesa e uso das novas tecnologias (vídeo, holografia, som, computador, etc.). A arte contemporânea se aproxima da vida, nela, tudo pode ser incorporado, o espectador é provocado e convidado às mais variadas reflexões sobre a arte e sobre a vida. A arte se integra à própria vida. Beleza, feiura, ironia, política, percepções, sensações, sucata, lixo, e até o próprio corpo, tudo pode ser material artístico. Na arte conceitual, a ideia é o suporte da obra. Em oposição à arte conceitual, na Arte Formal (principalmente a abstração geométrica) os artistas aprofundam as pesquisas dos elementos visuais iniciadas pelos pintores modernos. A arte é plural e permite uma multiplicidade nunca antes vista neste campo. As instalações imperam nas exposições contemporâneas. A arte não precisa mais ser eterna, nem é feita para perdurar. O efêmero, o momento, a passagem do tempo marcam boa parte das obras contemporâneas. A pesquisa e o uso de materiais variados e inusitados estão presentes nas obras. Mudaram os tempos, mudou a arte e sua função. Não esqueçamos que a arte é histórica, e cada vez mais, política e provocativa; porém sempre original e criativa.
Vejamos alguns conceitos que se transformam na arte da contemporaneidade, no que diz respeito:

EX.2006.HO.0361- Ao públicoNa Arte contemporânea, o espectador deixa de ser um contemplador passivo do estético, para se tornar um agente participante, um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a obra só se realiza na sua presença e com a sua participação. Sensibilizar o espectador é, então, menos importante do que fazê-lo refletir.

2- Ao artistaEste, além de ser um criador, passa a ser um propositor de ideias e/ou experiências, um manipulador de signos.

3- À originalidade e a autoriaA apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de originalidade. A terceirização de etapas de construção da obra questiona o conceito de autoria.


4- Às relações entre as obras e o tempo Obras efêmeras são criadas, fazendo-nos pensar sobre o conceito de obra-prima, que “dura para sempre”. Obras que se consomem no tempo, como as performances, permanecem apenas nos registros (fotografias, vídeos, etc.) e estes tomam o seu lugar como agentes nos espaços expositivos. A obra pode deixar de ser um objeto autônomo, resultado de um trabalho terminado, para se tornar um processo em desenvolvimento, inacabado por sua própria natureza (work in progress). 

NOVAS LINGUAGENS

Na arte da contemporaneidade, novas linguagens artísticas são desenvolvidas (instalação, vídeoarte, vídeo-instalação, assemblage, performance, body-art, arte digital, etc.) de acordo com a incorporação das novas tecnologias e de novas formas de pensar.
Vejamos mais detalhadamente algumas dessas novas linguagens:

Instalação

É a partir da década de 60 que o termo “instalação”, que até então significava a montagem (a instalação) de uma exposição, passa a nomear essa operação artística em que o espaço, o entorno, tornase parte constituinte da obra. A instalação como linguagem artística se popularizou na década de 70, designando ambientes construídos e ocupados por objetos diversos, podendo estimular outros sentidos além da visão, como olfato, tato e audição.
A instalação nos traz algumas questões, como:
Quando se trata de instalações no tempo/espaço definido de um museu ou espaço público aberto, podemos nos perguntar sobre o que resta de uma obra quando for desmontada? Ou ainda: é legítimo remontar uma instalação em lugar diverso do proposto inicialmente e que transformações isto traria para a obra?

Performance


Assim com a instalação, a performance é um termo que muda de sentido ao se tornar umalin guagem artística das artes visuais. Os saraus fuparangole1turistas e os eventos dadaístas e surrealistas são osprecursores do que viria a ser nomeado na década de 70 como performance, incluindo os “hapennings”,as “ações” e a “body art”.
Performance é, então, uma forma de arte que pode combinar elementos do teatro, da música, da dança e das artes visuais. Situa-se no limite entre o teatro e as artes plásticas, onde o artista funciona como uma escultura viva, “interpretando” sua mensagem.
Tipo de obra efêmera, a performance muitas vezes se perde no tempo pela inexistência de registros, mas como obra do instante ou do desenrolar de um processo pode, de certo modo, perdurar no tempo pela documentação fotográfica, por vídeos e filmes que perenizam o gesto fugaz. Assim, para o espectador, a performance é sempre uma visualização da consciência do tempo e, mesmo que haja registros, as percepções táteis, corporais e manipulatórias são limitadas pelas imagens fotográficas ou videográficas. Essa associação com a fotografia e outras mídias eletrônicas traz mais uma questão na contemporaneidade:
Se vamos a um museu e vemos as fotos de uma performance realizada há alguns anos por um artista, que limites há entre obra e registro nesta situação, se este ocupa o lugar da obra e é a única forma de termos acesso à sua percepção? Essa “presença ausente” é o que caracteriza especialmente as performances, que dependem dos registros para se perpetuarem no tempo, contradizendo assim, sua própria estrutura fugaz. Mas a contradição não é um problema para a arte contemporânea, ela é, ao contrário, bem vinda, pois é parte da vida. A arte contemporânea suporta a coexistência de idéias e conceitos díspares, é parte de sua proposta a convivência com conceitos contraditórios, não havendo a necessidade de se optar por um ou outro para a legitimação de cada um. Dois artistas que marcaram presença nas décadas de 60 e 70 no Brasil com propostas artísticas experimentais foram Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Vídeoarte

Linguagem artística que faz uso das imagens eletrônicas, rompendo com os padrões estéticos estabelecidos pelas narrativas da televisão e do cinema. No Brasil, o início da videoarte data do princípio da década de 70, em plena ditadura, quando a ficção estava em alta na TV e a videoarte surge como uma linguagem de contracultura, desmascarando uma realidade sufocante. Como exemplo citamos o ato do artista Paulo Herkenhoff de engolir páginas de jornal cujo texto
fora adulterado pela censura vigente. Esta ação simbólica foi captada pela câmera em tempo real, sem cortes, em filmagem direta, onde as falhas são significativamente incorporadas à narrativa.

Arte eletrônica


O acesso dos artistas ao computador lhes deu a oportunidade de explorar as possibilidades dessa tecnologia, criando uma nova linguagem artística. A perspectiva de criar mundos e realidades virtuais vem fascinando e desafiando muitos artistas por insinuar um imenso universo a ser desvendado. O computador é, portanto, mais uma ferramenta no estúdio de um artista. Além das instalações, das performances, da vídeoarte e da arte eletrônica, outras linguagens e
outros termos surgem para definir novas poéticas, como internet art, holografia, xerografia, vídeoinstalação, work in progress, site-specific, etc. Os nomes vêm para designar as coisas e os fenômenos, logo, se estes se transformam e se ampliam, os nomes se transformam e se ampliam também. O importante é percebermos que as diversas técnicas ou as novas tecnologias são procedimentos que envolvem a utilização de materiais e recursos, sendo, portanto, meios que podem ser utilizados para o desenvolvimento de linguagens artísticas, mas não o são por si só. Para uma tecnologia se tornar uma linguagem artística é preciso que esteja
inserida em um processo que envolve o desenvolvimento de uma linguagem. E este processo é de responsabilidade do artista. Os artistas estão sempre atentos aos novos meios e tecnologias que podem ser utilizados para que eles desenvolvam novas linguagens artísticas, são eles que fazem um simples objeto ou um material qualquer se transformar em uma obra de arte.

COMPARANDO A ARTE MODERNA COM A ARTE CONTEMPORÂNEA


Agora vamos olhar comparativamente para os movimentos modernos e contemporâneos na arte:

- Se a obra moderna faz de seu objeto principal a materialidade da cor e da forma, a obra contemporânea faz de si mesma, um objeto, a arte-objeto.
- Se a Arte Moderna propõe uma revolução no universo das sensações e da forma, a Arte Contemporânea a propõe no campo das idéias, abrangendo esferas não artísticas como a política, o corpo, a sexualidade, a filosofia, a ética e demais interfaces estabelecidas pela produção cultural de nossos dias.
- Enquanto a Arte Moderna ressalta a autonomia da obra de arte, separando-a da vida real, a Contemporânea contextualiza a obra, aproximando-a da vida e do seu contexto social.
- Com a Arte Contemporânea o espectador está definitivamente banido do seu lugar de mero contemplador da arte; ele é intimado a participar, a pensar, a penetrar no universo de criação.
- A Arte Contemporânea extrapola os limites anteriores, criando novas e infinitas linguagens e meios expressivos para a arte.
- Enquanto a arte moderna nega a arte do passado, a arte contemporânea não acredita que o passado seja algo de que é preciso se libertar, ou que tudo tenha que ser completamente diferente. Ao contrário, pretende que o passado esteja disponível para qualquer uso que os artistas queiram lhe dar.
Podemos concluir, a partir do que vimos acima, que são bastante complexas as transformações propostas tanto pela modernidade como pela contemporaneidade na arte. Mas é importante que percebamos que os movimentos nascem uns dos outros, se desenvolvem uns a partir dos outros e de seus contextos. E, é importante destacar, se revisitam continuamente. Como diz o historiador da arte Giulio Argan, “em arte há mudança, sem progresso”. O pensamento de Argan questiona o conceito de evolução linear associada à ideia de progresso. Ressalta o movimento de ir e vir dos movimentos artísticos, o aspecto cíclico e conseqüentemente interligado entre os diversos momentos da história da arte e seus movimentos estéticos e filosóficos. Por isso, você vai ver em algumas obras contemporâneas, citações ou reminiscências de obras modernas e acadêmicas, assim como vai ver também, em obras modernas, antecipações de aspectos encontrados na Arte Contemporânea. Mas é fundamental lembrarmos que, assim como a arte moderna não pode ser analisada sob o ponto de vista da arte acadêmica, a arte contemporânea não pode ser pensada, estudada e compreendida da mesma maneira que a arte moderna. Não podemos analisar um tipo de arte a partir de parâmetros de outro tipo de arte. Cada movimento artístico deve ser analisado de acordo com o seu contexto e a partir dele. Concluindo, voltemos à Arte Contemporânea e lembremos sempre que uma obra contemporânea é mais que um ponto final, que condensa concepções e preceitos, ela implica em um processo iniciador, ponto de partida para se repensar e refletir a arte e a vida.

Fonte:
ARTE CONTEMPORÂNEA - ORIGENS, PROPOSTAS, CARACTERÍSTICAS E NOVAS LINGUAGENS (Apostila de Artes Visuais para a 1ª Série do Ensino Médio Elaboração: equipes de Artes Visuais / Unidades Centro e São Cristóvão III Org. profa. Greice Cohn)

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