segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pop Art

Tudo o que vimos em História da Arte no Ensino Fundamental surgiu na Europa. No entanto, após a Segunda Guerra mundial, o centro financeiro do mundo se desloca para os Estados Unidos. O mesmo aconteceu com a arte. Vários países estavam se recuperando das consequências da 2ª Guerra mundial, que havia arrasado a Europa, deixando-a em ruínas. Artistas de vanguarda, filósofos, intelectuais europeus migraram para os EUA fugindo da guerra e lá continuaram a produzir
conhecimento.
O Pop Art surgiu na Inglaterra em meados dos anos 50, mas foi nos Estados Unidos, no começo dos anos 60 que ele se popularizou, tendo como assunto os objetos de consumo da sociedade. De uma certa forma, o Pop Art surge como uma reação às obras de artes abstratas construtivas (abstracionismo
geométrico) e ao expressionismo abstrato (abstracionismo informal), que tinha se popularizado no campo das artes plásticas naquela época. Os artistas do POP ART buscavam novamente a figuração. O tema das obras Pop eram as imagens do dia a dia da sociedade de consumo: “a arte elitista decai até os bastidores do cotidiano, enquanto os fenômenos ´subculturais´ se tornam apresentáveis”. A inspiração Pop vinha dos produtos industriais da sociedade da época. Objetos das indústrias de consumo (vestiário, alimentação, eletrodomésticos, automotivos, etc.) e também dos produtos culturais: cinema, história em quadrinhos, informação, ou seja, a vida urbana, trazendo para dentro das galerias de arte o comum, o “brega”, o popular (daí o nome POP, que em inglês significa também refrigerante).
Entre os principais artistas do movimento POP ART encontramos Andy Warhol. Filho de imigrantes tchecos, Warhol passou sua infância em Pittsburg, rodeado da cultura tcheca com suas Babuskas, a comida típica e o idioma tcheco. Sua mãe pouco falava o inglês. Seu pai trabalhou nas minas e morreu cedo, deixando a família passando necessidades. Muito jovem Warhol trabalhou em uma loja onde, fora do gueto cultural em que vivia, travou seu primeiro contato com o consumo
americano. Warhol viu a cultura americana com os olhos fascinados de um imigrante estrangeiro. Andy Warhol teve sua formação nas Artes Visuais inicialmente como decorador de vitrines. Depois estudou artes em Pittsburg e em 1949 se mudou para Nova York, onde fez sua carreira artística. A serigrafia foi seu principal meio de expressão plástica. Ele se interessava pela multiplicidade e, principalmente, pela reprodutibilidade de uma imagem. A gravura não é uma obra de arte única, pelo contrário, é feita em série. Dessa forma ele questionava a “aura” da obra de arte única. Ele não a fazia sozinho. Ao invés de um atelier, Warhol dizia ter uma fábrica (“factory”) com 18 trabalhadores, que faziam as telas para serigrafia e imprimiam as gravuras a partir de suas idéias. Assim, Warhol repensava a questão da autoria da obra de arte e do trabalho artesanal do artista. É importante notar que as gravuras não eram perfeitas. Havia com freqüência borrões de tinta de impressão, como a reprodução de baixa qualidade de fotos de jornal.
Andy Warhol entendeu como ninguém o funcionamento dos meios de comunicação de massa (Massmedia). É de sua autoria a frase e que “todo mundo deveria ter o direito de ficar famoso por 15 minutos”. Mais uma vez ele fala da superficialidade e da transitoriedade das coisas e antevê o que aconteceria de fato com a
relação das pessoas com a mídia e a produção instantânea de celebridades (um exemplo grosseiro disso se dá no programa Big Brother). Warhol era, ele próprio, um pop star. Excêntrico com sua peruca branca, dizia que raramente artistas plásticos ficaram famosos, com exceção de Picasso, Salvador Dali e, é claro, ele próprio. De acordo com a ideologia de ascensão social americana do “self-made man” (aquele que se faz sozinho) ele se autodenominava um “business artist” (ao invés de um homem de negócios, um “artista de negócios”), já que nasceu pobre e enriqueceu aproveitando as oportunidades do mundo capitalista, em oposição à estagnação social do mundo comunista de onde vinham seus pais. (Vale à pena lembrar que o mundo vivia, neste momento, a guerra fria.) Warhol se dizia
provocador, que a qualidade de um artista se me dia pelo dinheiro que ele obtinha com sua arte. Essas afirmativas seriam, no mínimo, constrangedoras para um outro artista qualquer. Andy Warhol sintetizava o espírito do Pop Art americano, que foi crítico enquanto chamou a atenção para a frivolidade da sociedade de consumo e foi acrítico quando aceitou, e até venerou esta realidade. Segundo Osterworld, “a idéia de Warhol não era apenas fazer do banal e do vulgar a substância da arte, mas de tornar a própria arte banal e vulgar. Não se contenta em transpor para a arte dados mediáticos ou industrias, a arte em si torna-se um produto mediático e industrial. Warhol inverte as noções de elevação e “baixeza”. Os grandes formatos também são típicos das obras do POP ART. Quando  superdimensiona objetos de uso diário, o artista pop monumentaliza a banalidade da vida urbana, que tem tanto significado e profundidade quando um imenso hambúrguer de Claes Oldenburg, outro artista que se destacou dentro do movimento.
Outro artista importante deste movimento foi Roy Lichtenstein. Nascido em Nova York em 1923, Lichenstein é pintor, gravador e escultor. Estudou arte na Universidade de Ohio e ficou conhecido por ampliar, em suas pinturas a óleo e em tinta acrílica as características de anúncios comerciais e das imagens de histórias em quadrinhos, reproduzindo, à mão e com fidelidade, os procedimentos gráficos em suas criações. São imagens de grande dimensão, nas quais o artista deixa visível a retícula do off-set (processo de impressão). Mais uma vez imagens da sociedade de consumo são trabalhadas enquanto arte. O quadrinho era tido como literatura de baixa qualidade (ainda hoje existe este pensamento). Trazer estas imagens para ao meio artístico significava, na época, uma transgressão de valores.

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