Estudou na Escola de Belas-Artes de Paris entre 1961 e 1966. Realizou a sua primeira exposição individual em 1966.Artista
ligada ao fenômeno da Performance Art, Gina Pane tornou-se, durante a
década de 1970, um dos expoentes máximos da Body Art, para o que
contribuiu o caráter fortemente midiático das suas apresentações. Tal
como outros artistas desta tendência (como o francês Michel Journiac ou o suíço Urs Lüthi), Gina Pane utilizava sempre o corpo como material e
suporte para a criação artística.
Os seus atos, bastante extremados no
sentido da auto-mutilação e do sofrimento, pretendiam acentuar o
problema da violência da vida contemporânea na sua relação com a
vulnerabilidade e com a própria passividade com que o indivíduo enfrenta
estes temas. As suas encenações, de sentido masoquista, assentavam na
impassividade com que a artista produzia os cortes e na capacidade de
conter e teatralizar o próprio sofrimento e de esteticizar o disforme e a
mutilação. Na obra de Gina Pane o corpo ocupa todos os lugares. O corpo não é a sua arte, é a sua linguagem.
Gina Pane escolheu a denominação
"ação" para os seus trabalhos, por considerar que o termo performance
era demasiado demonstrativo e implicava uma certa teatralização. A sua
obra toca correntes artísticas que se desenvolveram nas décadas de 60 e
70, nomeadamente a arte conceitual e a body art. Nestas décadas o corpo
torna-se o centro de todos os debates, é investido ideologicamente,
reclamado pelos movimentos feministas, objetificado pela arte. Aproximando-se
das orientações estéticas de outras artistas femininas, a obra de Gina
Pane pretende abordar a relação entre os sexos, os tabus e os
estereótipos e o problema da dominação masculina.
No início da década de 80, acreditando esgotadas as potencialidades
comunicativas das ações corporais e concluídas as marcas que queria
deixar impressas no corpo, a artista abandonou as performances públicas e
dedica-se à produção de objetos escultóricos e de desenhos, de caráter
minimalista, para os quais utiliza o metal, o vidro e a madeira.
Para Gina Pane a fotografia é um objeto sociológico. No seu trabalho,
essencialmente de caráter perfomativo, utiliza a imagem fotográfica como
suporte formal, que fará perdurar a ação realizada. As ações, raramente
repetidas, eram registradas fotograficamente e ocasionalmente filmadas,
sendo este registro rigorosamente controlado pela artista. As
fotografias conferem realidade à ação passada, guiam o observador pela
performance, condensam o discurso. Mesmo não sendo primordial na obra da
artista, a fotografia não é de modo algum negligenciada, formando um
"pós" no processo artístico, em que cada ação era estudada em story
boards, realizada e registrada. Um processo completo, cujo núcleo eram
as longas ações, que raramente duravam menos de 50 minutos.
Seu objetivo era provocar, através de
seus atos, um profundo estado de desconforto na pessoa que está olhando,
o espectador. Para isso ela introduzia em ações aparentemente
familiares, um elemento de terror.
É este o caráter primitivo das
performances de Gina Pane, dionisíaco, na medida em que parte dessas
emoções em bruto e apela ao que há de primordial, e dai verdadeiro, no
ser humano. Apela a essa linguagem comum, cujo meio não pode ser outro
se não o corpo.
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