terça-feira, 23 de abril de 2013

Raymundo Colares

Raymundo Felicíssimo Colares (MG 1944 - MG 1986). Pintor, desenhista.
Estuda, em 1966, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ), no Rio de Janeiro. Nessa época, torna-se amigo dos artistas Antonio Manuel e Hélio Oiticica. No ano seguinte, deixa a EBA e passa a frequentar o ateliê livre de Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). No mesmo ano, a convite de Antonio Dias, participa da exposição Nova Objetividade Brasileira, no MAM/RJ.  

A partir de 1968, passa a produzir os "gibis" - livros-objeto, nos quais explora as dobras e cores do papel, cujas folhas devem ser manuseadas pelo espectador. Apresenta, em 1969, os primeiros trabalhos tridimensionais, nos quais utiliza alumínio pintado. Para o crítico Frederico Morais, seus gibis remetem ao Livro da Criação, de Lygia Pape (1927-2004), por serem obras em processo em que as imagens se fazem ou desfazem à medida que as páginas são movimentadas. Os cortes oferecem sucessivas surpresas, revelando ao mesmo tempo um caráter lúdico. Nessas obras, Colares presta homenagem a alguns artistas, como naquela em que se baseia em telas de Mondrian (1872-1944).

 Chamas (gibi/livro-objeto)

Foi um artista que se inspirou, principalmente em pinturas e desenhos que mostravam rapidez e correria. Vivia em um bairro no Rio de Janeiro que era muito corrido, cheio de carros, movimentação, e , assim, sua criatividade surgiu e fez os quadros. Colares emprega a fragmentação da imagem, representando ônibus em vários ângulos, em enquadramento cinematográfico. O artista utiliza principalmente as cores primárias, em tons fortes. Como nota o crítico Paulo Venâncio Filho, a força das telas de Colares provém mais da sensação de impacto do que da sensação de velocidade.

Raymundo Colares reúne em suas obras tendências como o Construtivismo e a Arte Pop. Ele reconhece a relação com o Futurismo italiano na preocupação em representar o dinamismo e a velocidade da vida moderna. Utiliza o tema da interpenetração de ritmos visuais relacionados ao movimento de veículos em velocidade em uma grande cidade. Emprega tintas metálicas para representar carrocerias de ônibus, reconhecíveis pelo esquema de cores e números, usados também como marcas da sociedade industrial. Preenche totalmente as telas com esses signos, não deixando nenhuma área livre. O ser humano e a própria paisagem urbana estão ausentes de suas telas. Para alguns críticos, sua produção mantém afinidades com a obra do pintor americano Allan D'Arcangelo (1930-1998), ao aproximar geometria e organicidade e abstração e figura.


Tentativa de Ultrapassagem , s.d. 110 x 100 cm
Coleção João Sattamini/Comodante Museu de Arte Contemporânea da Prefeitura de Niterói
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini 

Ônibus , 1968 - emulsão acrílica sobre tela -70 x 75 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand
Reprodução fotográfica autoria desconhecida 

Ultrapassagem Pista Livre , 1968 - esmalte sintético sobre madeira - 160 x 160 cm
Coleção João Sattamini/Comodante Museu de Arte Contemporânea da Prefeitura de Niterói
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini 

 Orgia , 1968 - esmalte sintético sobre madeira - 118 x 117 cm
Coleção João Sattamini/Comodante Museu de Arte Contemporânea da Prefeitura de Niterói
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini 

 Ônibus , 1969 - pintura sobre metal - 83 x 228 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand
Reprodução fotográfica autoria desconhecida 

 Sem Título , 1969 - tinta esmalte industrial sobre metal (alumínio) - 100 x 232 cm
Coleção João Sattamini/Comodante Museu de Arte Contemporânea da Prefeitura de Niterói
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini 

 Fontes: 

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